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COM QUE FREQUÊNCIA DEVEMOS VACINAR NOSSOS CÃES ADULTOS?

Parte 1: Vacina Polivalente (V6, V8,V10)

- Por Dra. Ana Beatriz Hassan


A resposta para essa perugunta é: Depende.


De acordo com The World small animal veterinary association (WSAVA), as vacinas “essenciais” são definidas como aquelas em que independente da localização e circunstâncias, todos os animais devem receber. Protegem contra doenças graves, potencialmente fatais e de distribuição global, como vírus da cinomose canina, adenovírus canino (hepatite) e os variantes dos parvovírus caninos. Nas áreas consideradas endêmicas para infecção do vírus da raiva, essa deve ser considerada essencial.

As vacinas “não essenciais” são aquelas cujo uso é determinado com base nos riscos da exposição geográfica ou do estilo de vida do indivíduo, avaliando o risco benefício de seu uso. Ex. Virus da Parainfluenza, Bordetella, Leptospira, vírus da gripe canina. As vacinas “não recomendadas” são aquelas para as quais há pouca justificativa científica para seu uso. Ex. Coronavirus


As vacinas polivalentes ou múltiplas são conhecidas como V6, V8 ou V10. A vacina V6 promove a imunização e consequentemente, a prevenção contra doenças causadas pelo vírus da cinomose, adenovírus tipo 1 (hepatite), coronavirus, adenovírus tipo 2 (doenças respiratórias), vírus da parainfluenza canina e parvovirose canina. A V8 inclui a mesma proteção da vacina V6 acrescida de proteção para leptospirose (Leptospira canicola e icterohaemorrhagiae). E a V10 confere mesma proteção da V8, acrescida de mais dois sorogrupos de Leptospira.

Quando abordamos o protocolo vacinal individualizado, diversos fatores são avaliados para definir as vacinas e a frequência mais adequada a serem utilizadas. Um dos fatores mais importantes é o grau de exposição do paciente ao agente patógeno que buscamos imunizar, que deverá ser analisada pelo médico veterinário.


As vacinas são de extrema importância quando o assunto é prevenção de doenças infecciosas em nossos Pets. Entretanto, nenhuma vacina é totalmente eficiente ou completamente livre de efeitos adversos no organismo (TIZARD, 2009), sendo importante por isso avaliar o intervalo ideal e seguro para aplicação de seus reforços.


Quando vamos buscar referências na literatura, o que encontramos são trabalhos demonstrando eficiência (permanência de anticorpos no organismo) das vacinas importadas (a mais comumente utilizadas nas clínicas veterinárias) por um período mínimo de 3 anos, podendo alcançar de 7 a 9 anos (Schultz,2006; WASA, 2016)

Em um dos livros referência em medicina veterinária, Nelson e Couto (2006), consta a orientação para reforço da vacina polivalente a cada 3 anos e já sugere a titulação de anticorpos como forma de “checar “ se o animal permanece com imunidade para determinada doença. Assim como também, é orientada pelas diretrizes vacinais da WSAVA, que vacinas essenciais não devem ser dadas mais frequentes que a cada 3 anos (após cumprido protocolo vacinal de filhote e seu reforço), pois a duração da imunidade é de vários anos.


Titular é medir a concentração de anticorpos IgG, específicos contra uma doença no soro do sangue de um cão. Se o resultado do exame der positivo, significa que anticorpos foram detectados em nível suficiente e o animal está com imunidade contra a doença avaliada. Caso exame acuse baixa titulação, a vacinação polivalente deve ser indicada. Essa medida é mais eficaz do que apenas repetir as doses vacinais anualmente, uma vez que “confere” se o animal desenvolveu resposta eficiente e por quanto tempo essa imunização permanece no organismo.


Mas por que eu preciso “checar” ao invés de efetuar logo a vacinação? A vacinação não é uma medida inócua e sem riscos. Dentro da vacina estão substâncias estranhas ao organismo, como alumínio, derivados de mercúrio, corantes, conservantes, e os próprios microorganismos da doença que pretendemos imunizá-los. Embora na maioria das vezes seja bem tolerada, em alguns casos a vacinação pode ser desencadear reações.


A literatura relata algumas intercorrências correlacionadas a vacinação. Mal-estar, letargia, febre, inapetência e dor no local da aplicação são os mais corriqueiros eventos adversos benignos (WOLF , 2010). Em estudo de revisão bibliográfica, Angelico e Pererira (2013) relatam que outras reações descritas: osteodistrofia hipertrófica em filhotes de weimaraner, ausência de resposta à vacina, imunossupressão transitória, dermatopatias, encefalite relacionada à vacina atenuada contra cinomose, prurido, alergias, formação de anticorpos antitireoglobulínicos e óbito. Anemia hemolitica imuno mediada (Durval e Giger, 1996), Glomerulonefrite (ORLOFF et al, 2010), Poliartrite (KOHN et al., 2003) Fibrossarcomas associados a aplicação de vacinas (ASCERALLIi et all 2003), vasculite cutânea ocasionando alopecia (WILCOCK & Yager, 1986) são outros relatos que também encontramos na literatura associados a vacinação.


Em seu estudo Moore (2007) relatou que os cães de pequeno porte apresentam maior risco de reações vacinais em comparação aos de grande porte, vacinas administrada no mesmo dia pode aumentar em 27% o risco de reações adversas nos cães de pequeno porte e em 12% nos cães com mais de 12kg de peso . A administração de uma única vacina por consulta e a adoção de intervalos de três a quatro semanas entre as aplicações podem ajudar a reduzir a ocorrência de reações adversas (MOORE, 2007 ; WOLF, 2010).

Nesse sentido efetuar a titulação de anticorpos permite reduzir com segurança a quantidade de vacinas “desnecessárias” e como consequência, reduzir o risco de exposição a seus efeitos adversos. A titulação de anticorpos existe atualmente para as doenças consideradas de vacinação essencial: cinomose, parvovirose e hepatite e já é disponibilizada por diversos laboratórios, inclusive de forma prática como no Kit chamado Vaccichek. O exame é simples, realizado a partir de coleta de sangue convencional pelo seu médico veterinário e já está disponível em algumas Clínicas Veterinárias aqui no Brasil e Rio de Janeiro. Nós da Vetchi já realizamos esse procedimento em nossos pacientes.


No caso de filhotes, que ainda não iniciaram o protocolo vacinal, as diretrizes para vacinção de cães da WSAVA (The World small animal veterinary association) orietam que: todos devem receber vacinas contra cinomose, parvovirose e hepatite infecciosa canina (no Brasil disponíveis como V6, V8 ou V10), iniciar entre a 6-8 semanas de idade e a cada duas a quatro semanas realizar o reforço, até 16 semanas de idade ou mais. Os cães vacinados devem receber um reforço das vacinas essenciais aos seis ou doze meses e, a seguir, não mais frequentemente do que a cada três anos ou mediante titulação de anticorpos pode-se redefinir esse tempo (WASAVA, 2016).


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ANGELICO, S. M. R ; Pereira C. A.D. Novas diretrizes vacinais para cães – uma abordagem técnica e ética. 2013. Disponivel em : http://www.cachorroverde.com.br/…/DIRETRIZES-VACINAIS-DIAGR…Acesso em 14 de Junho de 2018

ASCELLARI, M. ; MELCHIOTTI, E. ; BOZZA, M. A. ; MUTINELLI, F. Fibrosarcomas at presumed sites of injection in dogs: characteristics and comparison with non-vaccination site fibrosarcomas and feline post-vaccinal fibrosarcomas. Journal of Veterinary Medicine, v. 50, n. 6, p. 286-291, 2003.

DUVAL, D. & GIGER, U. (1996) Vaccine-associated immune-mediated hemolytic anemia in the dog. Journal ofVeterinary Internal Medicine 10, 290-295. Disponivel em: https://onlinelibrary.wiley.com/…/j.1939-1676.1996.tb02064.x

KOHN, B. ; GARNER, M. ; LÜBKE, S. ; SCHMIDT, M. F. G. ; BENNETT, D. ; BRUNNBERG, L. Polyarthritis following vaccination in four dogs. Veterinary and Comparative Orthopaedics and Traumatology, v. 16, n. 1, p. 6-10, 2003

MOORE, G. E. ; HOGENESCH, H. Adverse vaccinal events in dogs and cats. Veterinary Clinics of North America: Small Animal Practice, v. 40, n. 3, p. 393-407, 2010

ORTLOFF, A. ; MORÁN, G. ; OLAVARRÍA, A. ; FOLCH, H. Membranoproliferative glomerulonephritis possibly associated with overvaccination in a cocker spaniel. Journal of Small Animal Practice, v. 51, n. 9, p. 499-502. 2010. SCHULTZ, R. D. (2006) Duration of immunity for canine and feline vaccines: a review. Veterinary Microbiology 117, 75-79.

TIZARD, I. R. ; SCHUBOT, R. M. Imunologia veterinária: uma introdução. 8. ed. Rio de Janeiro: Saunders Elsevier, 2009. 608 p.

WASAVA (2016). Diretrizes para vacinação de cães e gatos. Journal of Small Animal Practice , Vol 57, January 2016, Disponível em :http://www.wsava.org/…/2015-WSAVA-vaccination-guidelines-Fu…

WILCOCK, B. P. &YAGER, J. A. (1986) Focal cutaneous vasculitis and alopecia at sites of rabies vaccination in dogs. Journal of the American Veterinary Medical Association 188, 1174-1177

WOLF, A. M. Canine and feline vaccination: protocols, products, and problems. In: PENN ANNUAL CONFERENCE, 110., 2010, Philadelphia, Pennsylvannia. Proceedings… Philadelphia: Penn Veterinary Medicine, 2010. p. 16-29.

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